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18 de Abril de 2024

Privatização: Caixa Econômica Federal (CEF)

Venda do banco estatal serve apenas para lembrar que a equipe econômica quer um tipo de liberalização intragável para os políticos

Publicado por Maysa Martimiano
há 6 anos


A informação de bastidor de que o governo vai anunciar a privatização da Caixa Econômica Federal parece ser mais uma daquelas especulações que saem da queda de braço entre a equipe econômica e os ministros palacianos – a ala política do governo, como costumam ser chamados esses assessores do presidente Michel Temer. Viável do ponto de vista de negócio e bem-vinda do ponto de vista de mercado, a venda da CEF é pouco provável por suas nuances políticas.

O banco estatal é parte da velha política que usa bancos públicos para proteger interesses políticos. Não existe banco público, é bom frisar, que escape dessa sina. Mas a Caixa é um caso especial. Ela controla preciosidades como a maior parcela do financiamento habitacional (e o Minha Casa Minha Vida), faz a gestão do FGTS e é parceira de primeira hora de grandes planos de governo, como o PAC. Ela é diferente do BNDES por estar mais perto do eleitor. E do Banco do Brasil por não ter capital aberto – o que traz a vigilância do mercado.

Esse modelo de funcionamento da Caixa serve de argumento tanto para ela ser privatizada, quanto para ela ser mantida sob controle público. Se quisesse vender o banco, o governo fecharia duas dúzias dos cargos mais cobiçados pelos partidos políticos e uma frente comprovada de corrupção, como mostram as investigações envolvendo o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima.

Para o mercado, seria uma fonte de distorção a menos. Hoje, a Caixa baliza os juros do financiamento habitacional e canaliza subsídios que são bastante discutíveis. A política habitacional, do jeito que é conduzida pelo banco, é uma mistura de populismo e política, com agrados a prefeitos que podem inaugurar conjuntos habitacionais e a criação da sensação de que o governo ajuda na construção da casa própria. Certamente há saídas mais baratas, inteligentes e menos suscetíveis a desvios.

E haveria interessados. A Caixa tem capilaridade e é líder em algumas áreas, com uma marca forte. Ao mesmo tempo, é menos eficiente do que a média do setor – seu índice de eficiência operacional,que computa custos administrativos e de pessoal em relação ao resultado bruto, é de pouco mais de 50%, enquanto em bancos privados o índice oscila entre 40% e 45%. Quem comprasse o banco teria uma grande carteira que poderia levar a um resultado melhor do que com a gestão pública.

A Caixa passou por um momento de estresse em 2016, quando muita gente do mercado avaliava que ela precisaria de uma injeção de capital para dar conta do crescente comprometimento de caixa com as provisões para arcar com a inadimplência. O cenário da economia melhorou e o banco se tornou mais seletivo na concessão de crédito, com melhora operacional neste ano. Sem uma urgência para salvar o banco, haveria duas possibilidades de privatização: uma para capitalizar a Caixa e outra para levantar dinheiro para o governo.

Fonte: Gazeta do Povo

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4 Comentários

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Tenho uma tese sobre esse assunto. A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil só não foram privatizados porque não há interesse nisso pelos banqueiros privados, os quais comandam não só o sistema financeiro nacional como o sistema financeiro global.

É que aos bancos privados não interessa atuar como agentes financeiros de programas para baixa renda, como o “Minha Casa Minha Vida”, o “FIES” e outros de índole social. Eles não são rentáveis. Tampouco interessa aos bancos privados a função de câmara de compensação. Essa função é atribuída ao Banco do Brasil, a qual, diga-se de passagem, requer a assunção de altos custos a fim de manter uma estrutura ativa durante a noite. De igual sorte, não querem ser protagonistas de juros subsidiados em programas como o crédito rural (Banco do Brasil) ou penhor (Caixa Econômica Federal).

Para os bancos privados é cômodo haver bancos públicos que assumam programas sociais. O que eles querem mesmo é continuar auferindo lucros astronômicos. Os prejuízos podem ser jogados na conta do Tesouro, como aconteceu com a Caixa Econômica Federal ao se ver obrigada a adquirir carteiras habitacionais de bancos falidos como as do BANESPA e do BANERJ e outros ativos podres, como aconteceu no PROER do governo FHC na década de 90. Os bancos públicos têm sido utilizados não raro como lata de lixo e isso interessa muito aos bancos privados. continuar lendo

Tinha que privatizar tudo empresa estatal não funciona pois boa parte dos que estão na direção tem alto Qi (Quem Indica), os diretores e funcionários das estatais não estão nem aí para prestar um bom serviço pois quem mantém essas empresas de pé é o Estado através dos impostos ao contrário das empresas privadas que precisam prestar um bom serviço para se manter no mercado...
Existem milhares de empresas privadas que funcionam ao contrário das estatais que até hoje não conheço nenhuma que funciona. continuar lendo

Conhece mesmo? Qual sua experiencia? Conte-nos mais sobre isso. continuar lendo

Por acaso qual a tua base para esta análise? Aliás, gostaria muito de saber de onde brotou este texto. A senhora escritora é empregada da caixa? Ou tem alguma fonte que subsidie tais informações? Muita desinformacao no texto, sem nenhuma base verdadeira. continuar lendo