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19 de Abril de 2024

Após duras críticas da ONU, OIT, MPT, TST, MPF, PGR... STF finalmente suspende portaria sobre trabalho escravo

Ministra Weber do STF acolheu pedido do partido Rede Sustentabilidade, que alegou desvio de poder na edição da portaria. Suspensão vale até julgamento do mérito pelo plenário do tribunal.

Publicado por Maysa Martimiano
há 6 anos

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber suspendeu em decisão liminar (provisória) a portaria do Ministério do Trabalho que modificava regras de combate e fiscalização do trabalho escravo.

Weber acolheu o pedido do partido Rede Sustentabilidade, que pedia a anulação dos efeitos da portaria. O partido argumentou que houve desvio de poder na edição da medida. A liminar da ministra tem efeito até o julgamento do mérito da ação pelo plenário do tribunal.

A portaria, publicada no dia 16, alterou os conceitos que devem ser usados pelos fiscais para identificar um caso de trabalho forçado, degradante e em condição análoga à escravidão, além de exigir, por exemplo, que o fiscal apresente um boletim de ocorrência junto ao seu relatório.

A medida ainda determinou que para caracterização do trabalho escravo seja constatada a submissão do trabalhador a trabalho exigido sob ameaça de punição, com uso de coação, realizado de maneira involuntária.

Desde a publicação, o texto vem sendo alvo de críticas de entidades defensoras dos direitos dos trabalhadores, que alegam um afrouxamento nas regras para combate ao trabalho escravo. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que pediu ao Ministério do Trabalho para revogar a medida, chegou a classificar a portaria de "retrocesso".

Na ação, a Rede alegava que a portaria do Ministério do Trabalho restringia "indevidamente" o conceito de “redução à condição análoga a escravo” e condicionava a inclusão do nome de empregador na “lista suja” do trabalho escravo e a sua divulgação à decisão do ministro do Trabalho, o que , segundo o partido, introduziria "filtro político em questão de natureza estritamente técnica".

Em outro trecho, o partido alegava que a portaria do Ministério do Trabalho, "ao praticamente inviabilizar o combate ao trabalho escravo no país", descumpre os preceitos fundamentais da Constituição referentes à "dignidade da pessoa humana".

Rosa Weber, ao justificar a decisão de suspender a portaria, escreveu que o texto, "ao restringir indevidamente o conceito de 'redução à condição análoga a escravo', vulnera princípios basilares da Constituição".

A ministra contestou diretamente um dos pontos da portaria, que vincula a configuração do trabalho escravo à restrição de liberdade.

Ela ressaltou que, segundo o direito internacional, a “escravidão moderna” é mais sutil e o cerceamento da liberdade pode decorrer de diversos constrangimentos econômicos, e não necessariamente físicos.

Fonte: Globonews

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2 Comentários

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É simplesmente incrível e desesperada a atitude do governo federal com este decreto. Parte do empresariado, (não todos, por obviedade) simplesmente estão tão enlouquecidos ao ponto de comprarem um decreto destes. Ora, um dos ramos que mais escraviza, segundo MPT, é o de bovinos para corte. Basta somente UM dos inúmeros concorrentes europeus do Brasil propagar a notícia, e exigir boicote por concorrência desleal, que as exportações, já fragilizadas, do produto brasileiro cairão ao nível do solo. O mal está tão sedento de mais mal que está comendo os próprios dedos. continuar lendo

Acredito que a decisão foi mais motiva pelo vexame internacional do que o sentimento nacional quanto ao trabalho escravo. Outro vexame internacional, a condenação do Brasil por não proteger mulher diante de violência doméstica, disto, o resultado, a Lei Maria da Penha.

Garanto, se não houver pressões internacionais sobre o Brasil, em matéria de direitos humanos, o Estado não será mais laico, o estupro marital retornará, os contratos não terão mais a função social, a dignidade humana não será mais universal, mas somente para poucos.

E notem, desde o final do Regime Militar, ou qualquer justificativa que se dê, os direitos humanos — direitos políticos, civis, sociais, e, principalmente, sociais, econômicos e culturais — não estão agradando os defensores do 'chicote no lombo ou trabalho', 'cruz ou fogueira santa', 'patriotismo ou ponta de baioneta'.

E pelo que tenho notado, não só no Brasil, tudo que foi conseguido, mundialmente, após a Segunda Guerra Mundial, em relação aos direitos humanos, está sendo ameaçado por ultrafundamentalistas da Arquitetura da Discriminação da Máquina Antropofágica. continuar lendo